terça-feira, 1 de junho de 2010

VERSOS ALEXANDRINOS

É comum chamar-se alexandrinos todos os versos de 12 sílabas. Todavia, há um lapso nesse entendimento. Os verdadeiros alexandrinos se compõem de dois versos de seis sílabas em um só, sendo indispensável que o primeiro termine por uma palavra aguda (oxítona) ou, no caso de ser palavra grave (paroxítona), que o vocábulo seguinte comece por vogal ou H mudo, assim possibilitando a elisão, como se vê nestes exemplos:
1º- Aos meus olhos mortais/ surgiste-me, Corina...
2º- Depois, depois vestin/do a forma peregrina...

Os seguintes versos de Guerra Junqueiro e de Machado de Assis, respectivamente, com pausas nas 4ª, 8ª e 12ª, são de 12 sílabas, mas não são alexandrinos.
Quem me defende? a minha corte? a minha guarda? ...
Olhar de vida, olhar de graça, olhar de amor.

Nota: As duas partes do alexandrino que se unem no meio dos versos formam o que se denomina hemistíquios, e o ponto em que se processa a fusão denomina-se cesura. (Extraido do livro DICIONÁRIO DE RIMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA, de autoria de JOSÉ AUGUSTO FERNANDES)

OS TEUS OLHOS AZUIS (Albercyr Camargo)
Há olhos cor do mar, olhos de verdes tons,
há castanhos também, negros, de outras nuanças...
Há olhos divinais, ardentes como os sons.
distraídos alguns ou cheios de esperanças.
Há os olhos fatais, há olhos puros, bons,
olhos cuja expressão lembra os rítmos das danças...
Olhos que dizem tudo e revelam os dons
d´alma naquele modo ingênuo das crianças.
Há olhos sensuais, há olhos sonhadores,
há olhos quentes, febrís, num rosto de mulher.
Muitos cheios de vida, outros cheios de luz...
Há nos olhos mistério e beleza nas cores...
Todos têm afinal uma atração qualquer...
Mas nenhum se compara aos teus olhos azuis!